QUEM SOU EU

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

PASSARINHO

Pi piu
Vem p'ra cá
Pi piu
Vai p'ra lá.
Vem cá passarinha,
Pega uma palhinha.
Vai lá passarinho,
Traga um gravetinho.
Em lua de mel,
Um feliz casal
Prepara seu ninho.
P'ra ter passarinho.
Impacto na mata,
Árvore ao chão.
Nem ovo,
Nem ninho,
Nem mais
Passarinho.
Auristela Fusinato Wilhelm
(em 30/01/2008)

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

PALAVRA AO PROFESSOR

Estatísticas elaboradas com frieza
No cenário da nossa educação,
Abandonam o educador de vocação,
Num misto de desilusão e tristeza.

Até quando quem se diz professor,
Divulgará más notícias em massa,
Continuará a propagar a desgraça
Produzida por sua falta de amor?

Como rir da própria estupidez,
Não se ver responsável pelos fatos
Espalhar resultado dos próprios atos,
E não ver quão grande é a insensatez?

Como viver sem tomar consciência
Que pérolas coletadas e publicadas,
Esmaecem o trabalho de jornadas,
E propagam a própria ineficiência?

Porque não, progressos e vitórias.
No lugar de erros e trapalhadas?
Mostrar batalhas conquistadas,

E melhorar assim nossa história?

Auristela Fusinato Wilhelm
(em 29/01/2008)

domingo, 27 de janeiro de 2008

MEMÓRIAS PERDIDAS

Quase imóvel como se fosse amarrada,
Em sua cadeira de balanço encolhida,
Acaricia a boneca sem nome e rasgada.
Não importa. Quem é, ela está esquecida.

Não sofre, nem saudade sente de alguém,
Pois há tempo, não reconhece ninguém.
Sua visão turva está parada no além,
Seu jeito não muda, balança, vai e vem.

Da bela existência, restou quase nada,
Lembrança borrada, depois apagada,
Nem sabe que um dia, também foi amada.

De quantas memórias é feita uma vida,
Mesmo que foi intensamente vivida,

Quando essa história já foi esquecida?

Auristela Fusinato Wilhelm
(em 27/01/2007)
Memórias perdidas foram a da minha avó paterna
que teve Mal de Alzheimer

domingo, 20 de janeiro de 2008

AMANHECE

Ainda tomada pelo torpor noturno,
Por instantes penso que ainda durmo.
Mas o que ouço não está em sonhos,
São pássaros que festejam risonhos.

Para cá e lá como em pontes imaginárias,
Passeiam felizes por árvores centenárias.
Arautos d’aurora, sua melodia se propaga,
Transmitem paz e uma sensação que afaga.

Vejo fagulhas de luz nos montes brotar,
É o sol que chega para os filhos iluminar.
O dia convida p’ra sua festa de chegada,
Começo então minha nova caminhada.

De pés descalços piso na grama macia
Absorvendo a força e o frescor do dia
Sinto a brisa carinhosa, com prazer,
E o perfume da terra que inunda meu ser.

Como é bom o amanhecer no campo,
Com a natureza a oferecer seu encanto.
Misto de beleza, perfeição e harmonia,

Obra divina de indescritível magia.
Auristela Fusinato Wilhelm
(em 19/01/2008)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

INSÔNIA

Já é bem tarde,
Inúmeras e malsucedidas vezes
Tento dormir.
Irracionalmente irritada,
Levanto, ando em círculos.

Desvencilho-me do quarto,
Que insiste em me prender.
Sinto-me suficientemente forte,
Atraída pelos mistérios noturnos.
Ando até o jardim.
É a liberdade inconfundível,
Da escura, iluminada
E desconhecida noite.
Ao mais leve sopro do vento,
Recarrego minhas energias.
Minha atenção se volta,
Às centenas, milhares, milhões...
De pontos flutuantes,
Que povoam a Via Láctea.
Quantas lembranças eu guardo,
Do meu canto favorito,
Onde a contar estrelas
Dei vazão a fantasia
E prometia a mim mesma
Que no dia seguinte continuaria.
A história se repete
E sinto uma paz infinita,
Fecho os olhos lentamente,
Eles não querem se abrir.
Volto à minha cama.
Ah! Que sono...
(Auristela Fusinato Wilhelm
em 07/01/2008)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

INSATISFAÇÂO

Quisera mergulhar profundamente
No íntimo desconhecido do meu ser.
Vasculhar a obscuridade interior
Que não mostra o que mais quero ver.

Quem é essa que se esconde tão bem,
Que não vê as verdades mais claras?
Que não encontra os valores que tem,
Que não consegue cortar as amarras?

Como viver sem saber quem se é,
Como trilhar novos rumos pé a pé
Sem ter medo de morrer, por viver?

Quanto ainda é preciso sofrer,
P’ra encontrar o sentido da vida

E apreciar a experiência vivida?


(Auristela Fusinato Wilhelm

em 06/01/2008)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O ESPETÁCULO DO ANOITECER

O sol se põe lentamente
E vem a noite implacável.
Da minha varanda,
Observo sombras fugazes.
No alto dos montes,
Vejo imagens assustadoras
Que se modificam
Com a escuridão.
Suas bocas se fecham,
Se tornam mais mansas,
Parece que dormem,
Descansam tranqüilas.
Então transformadas
Aos poucos se unem,
Ao céu que enegrece
E se povoa de luz:
Pontinhos dourados
Na distância infinita,
A cintilar sobre nós.
Auristela Fusinato Wilhelm
(composto em 01/01/2008,
ao observar o anoitecer com a Isabella.
Brincávamos de ver quem se assustava mais
com as imagens que as árvores
formavam nos morros)